Relação Sinal/Ruído e Faixa Dinâmica
O parâmetro "relação sinal/ruído" (signal/noise ratio) indica a diferença entre o nível mais alto de sinal que o equipamento pode operar e o nível de ruído existente no aparelho (no caso de mixers e amps, normalmente é ruído térmico; no caso de gravadores de fitas, é o ruído inerente à fita magnética).
Os níveis são medidos em dB (decibel), que é uma medida relativa (baseada numa relação entre dois valores). No caso da relação sinal/ruído, mede-se a intensidade do ruído presente na saída do equipamento, sem sinal na entrada, e depois a intensidade do maior sinal que pode ser aplicado sem distorção. A diferença entre eles é mostrada em decibéis.
A relação sinal/ruído geralmente é adotada para indicar também a faixa dinâmica (dynamic range) do equipamento, ou seja, a gama de intensidades que podem ocorrer no mesmo, e que vai desde o menor sinal (que está próximo do "piso" do ruído) até o máximo sinal sem distorção.
A faixa dinâmica de um CD, por exemplo, é maior do que 90 dB, enquanto que num gravador cassete é em torno de 65 dB (se o gravador possuir Dolby ou dbx, essa faixa pode aumentar para uns 80 dB).
Qual o valor ideal para a faixa dinâmica? Bem, o ouvido humano pode perceber sons dentro de uma faixa de 120 dB, que vai desde o "limiar da audição" (o "quase silêncio") até o "limiar da dor" (digamos, próximo à uma turbina de jato). Portanto, para um equipamento de áudio responder bem, do ponto de vista da dinâmica do som, teria que
atender à uma faixa de 120 dB. Entretanto, como ninguém vai ouvir turbina de avião em seu equipamento de som, adotou-se o valor de cerca de 90 dB para o CD, por ser a faixa dinâmica "normal" de execução de música (ainda que bem na frente de um sistema de amplificação de rock pesado possa se chegar aos 120 dB; mas isso não seria uma coisa muito normal, não é mesmo?).
Entrando um pouco na área digital, é interessante saber que usando-se números de 16 bits podemos representar digitalmente os níveis sonoros dentro de uma faixa superior a 90 dB. Por isso os CDs trabalham com 16 bits. Há algumas limitações nos 16 bits para quando o sinal sonoro é muito fraco, e a sua digitalização sofreria uma certa "distorção".
Mas isso é uma história mais complicada, que acho que não vem ao caso...
Os amplificadores e mixers de boa qualidade (que não tenham ruído excessivo), normalmente têm uma faixa dinâmica muito boa, superior a 96 dB. Atualmente, um equipamento com relação sinal/ruído ou faixa dinâmica abaixo de uns 90 dB não terá qualidade suficiente para aplicações profissionais (é o caso dos gravadores cassete).
Distorção Harmônica (THD)
THD significa "Total Harmonic Distortion", ou seja, distorção harmônica total. É outro parâmetro de avaliação da qualidade de um equipamento de áudio. Como os componentes eletrônicos (transistores) não são perfeitamente lineares, eles criam uma pequena distorção no sinal de áudio, distorção essa que gera harmônicos antes inexistentes. Para medir a THD, injeta-se um sinal puro (onda senoidal) na entrada do equipamento, e mede-se a composição harmônica do sinal na saída. Os níveis (intensidades) dos harmônicos são então somados e divididos pelo nível do sinal original (puro), obtendo-se assim a proporção (percentual) de harmônicos "criados" no
equipamento em relação ao sinal original.
Tipicamente, hoje os valores de THD em pré-amplificadores e mixers está abaixo de 0,01%. Em amplificadores de potência a THD fica abaixo de 0,5%.
Uma observação final (ufa!): Embora haja padrões para se fazerem essas medidas, muitas vezes o fabricante efetua a medida adotando uma referência mais favorável (por exemplo: se o amplificador produz menor THD quando o sinal tem freqü.ncia de 2 kHz, ele faz a medida usando essa freqü.ncia como sinal de teste). Por isso, algumas vezes a ficha técnica mostra uma coisa, mas o resultado é outro. Os fabricantes de equipamentos
de alta qualidade, no entanto, costumam ser bastante sinceros nas suas especificações.
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