Esta é a série Yamaha HS, completa, em suas duas cores,
incluindo o subwoofer (que não entra neste teste comparativo)
Introdução
A Yamaha está presente em lugar privilegiado no mercado de monitores de estúdio desde 1978 com seus famosos NS10, até que deixaram de fabricá-los em 2001. Era uma caixa impressionante. Seu médio era tão definido que muitas pessoas se queixavam que eram cansativas ao ouvido. Sinceramente, acredito que isso era mais um problema de excesso de volume na hora de trabalhar — devido a pouca resposta desta caixa aos graves — do que à sua sonoridade, propriamente dita.A gente queria das NS10 mais do que ela podia dar. Logicamente, se somente dispuséssemos delas no nosso estúdio, nunca seríamos capazes de reproduzir baixos e bumbos contundentes. Esta razão podia levar o técnico a subir e subir o volume de monitoração, buscando esses resquícios de graves que a caixa podia dar. Resultado: continuávamos com poucos graves, a sonoridade começava a distorcer ou então não reproduzir bem os transientes, e a fadiga auditiva batia à porta.
Certo; as NS10 tinham um sério problema para reproduzir graves, em grande parte porque seu projeto de caixa fechada não possibilitava os benefícios de um bass reflex. Por outro lado, o pouco grave que tinha era muito definido graças ao seu curto relaxamento, e o médio — que era reproduzido pelo seu magnífico cone branco — era muito rápido nos transientes. Podemos dizer que era uma caixa rápida.
As famosasYamahaNS10m
Hoje em dia a Yamaha produz a série HS. Assim como as NS10, estas também têm seu cone maior em cor branca, mas estão mais focadas ao uso em produção de home studio. Incorporam um design aberto com uma saída de bass reflex traseiro, um sistema de dois amplificadores e possibilidades de controles da resposta espectral com os controles em sua parte traseira.
Não acredito que a Yamaha ainda mantenha a posição de destaque no mercado de monitores, como a alguns anos atrás, mas fico me perguntando se não seria uma boa ideia incorporar ao meu estúdio um par de HS8, vendo tudo o que se utiliza no âmbito do estúdio modesto, e poder ouvir assim as mixagens que me são enviadas de uma forma parecida a como fazem meus clientes em seus estúdios.
Projeto e fabricação
A Yamaha diz que consegue controlar as ressonâncias na sua série HS, utilizando madeira MDF de alta densidade disposta em três camadas, reduzindo assim as estacionárias internas e aumentando a durabilidade, ao mesmo tempo que assegura ter sob controle os ruídos indesejáveis derivados de falhas no projeto graças aos seus programas de representação visual que mostram as alterações de pressão do ar com grande precisão.No seu site a Yamaha diz que não pretende emoldurar o som, e sim mostrá-lo como ele é — seguindo a filosofia das NS10 —, fazendo isso com custo meno, dotando assim os home studios de músicos e pequenos produtores de sistemas de monitoração profissional. Vejamos se é realmente isso o que acontece.
Especificações
A série HS começa com o HS5, um monitor de 70W (45W para seu 5” e 25W para seu 1”) capaz de chegar sob especificações aos 54Hz, o que novamente nos remete às míticas NS10.O segundo modelo, o HS7, aumenta sua potência até 90W e sua resposta espectral até 43Hz, enquanto que o HS8 — o maior modelo dos três —, eleva estas cifras até 120W e 38Hz.
Todos os três monitores asseguram ter resposta linear até meia oitava além de 20KHz. E quase mais nada de oficial está publicado; basicamente se reduzem as potências e largura de banda.
Neste ponto chega a hora de um pouquinho de teoria. Um pouquinho só. Quando comparamos monitores, não devemos nos fixar somente nos números que anunciam a sua largura de banda. Existe outra variável muito importante para a qual desejo chamar a atenção, é o ambiente na qual vai dirigida a gama HS.
Sempre que alguém me pergunta sobre monitores, toma como principal referência a extensão de sya resposta espectral — em parte, porque todos os fabricantes publicam esse dado —. No entanto, se todos os monitores são “planos” e a única diferença entre eles é a extensão espectral de sua resposta em graves, alguém poderia pensar: “eu já tenho monitores planos que chegam a 35Hz, não preciso de coisa melhor”.
Bom, neste artigo eu gostaria de focar em outra variável, que é a capacidade do altofalante calar-se a cada vez que termina uma nota.
Esta variável é determinante na sonoridade de um recinto acústico, sobretudo quando o projeto da caixa inclui um bass reflex. A gama HS da Yamaha está construída baseada neste projeto, com a abertura na parte traseira. Este “truque” que permite aumentar a resposta espectral em graves, provoca alguns retalhos no som maiores em sua zona de ressonância. Desse modo, ainda tendo duas caixas com a mesma sensibilidade de reprodução ao longo do espectro, ouvimos como alguns monitores tem mais graves devido ao tempo que soam estas zonas frequenciais não ser o mesmo nas duas caixas de projeto diferente.
Alguns estudos mostram que se aumentarmos a duração de um som (limite 200mSgs), o cérebro interpretará como mais alto em volume, e não como durando mais, e esta é uma das razões que determinam a “cor” de um monitor. É a caixa que determina as ressonâncias, e portanto, em quais frequências teremos respostas temporais prolongadas.
O fator damping — isto é, a relação de impedâncias do amplificador e do altofalante — determina a capacidade de parar o altofalante, devido ao fato de que o próprio altofalante quando está em movimento se comporta como um gerador, mas a ressonância determina a sensibilidade da caixa em si. Ou seja: se o amplificador é o acelerador, o fator damping é o freio, e a ressonância é a estrada, com subidas e descidas. Entre todas estas variáveis se determina a agilidade do carro.
Fabricantes como a Monkey Banana buscam uma largura de banda muito estreita para essa ressonância e outros como a Psi Audio entendem que é melhor aumentá-la, para que seus efeitos não sejam tão fortes nessas deerminadas notas. Para continuar com a analogia, a Monkey Banana pensa que para ter uma velocidade média mais alta é melhor fazer uma grande reta e concentrar todas as curvas em uma pequena zona, e a PSI Audio entende que é melhor distribuir as curvas de modo que nenhuma nos obrigue a reduzir muito a velocidade.
Além de outros parâmetros, como a distorção harmônica, a de fase ou a potência sonora, esta variável me parece muito importante no caso dos monitores de home studio, devido ao fato de que é neste ambiente onde existem mais problemas devido à extensão temporal de determinadas frequências. Por que? Porque os ambientes pequenos, sem absorventes, com monitores colocados sem realizar uma análise – monitores de baixo que pretendem chegar a dar uma resposta em graves extendida utilizando pouca massa - , são o ambiente perfeito para dar luz a uma mixagem descontrolada de graves, visto que as diferenças temporais de dissipação da energia ao longo do espectro são muito grandes.
E isso, ao meu juízo, é um problema muito grande que acontece na maioria das mixagens feitas em home studios, onde, para complicar a situação, boa parte trabalha em gêneros de música eletrônica ou hip hop, onde os graves têm um papel fundamental.
Por estas razões, a capacidade ou incapacidade de um monitor parar seu movimento quando deve fazê-lo, será minha principal preocupação na hora de focar nas monitorações.
Comparando a sonoridade
A escuta foi feita em uma sala de 40 metros quadrados, com paredes inclinadas, e painéis absorventes distribuídos de acordo com os resultados de anákise acústica realizada — mesmo assim, apresenta problemas nos múltiplos de 40Hz —.Foram utilizados suporte para colocar um par de monitores sobre eles, e ao lado, o mais próximo possível, foi colocado outro par de monitores com a finalidade de ir confrontando por pares, primeiro os HS5 e HS7, depois os HS7 e HS8, e finalmente, os HS5 e HS8.
Foram utilizados dois microfones de medição Behringer ECM8000 para tomar registros, e foram reproduzidos samples de áudio com um Tascam SS-R200.
Todas as escutas foram feitas com porta fechada, e ao longo de uma manhã.
Yamaha HS5
Creio que o monitor HS5 tem suficiente grave como para poder trabalhar com ele em projetos multimídia, e sabendo de suas carências nessa zona e não esperando que o pequeno cone de 5” nos revolva o estômago. Em quartos, onde sabemos existir sérios problemas de graves, estes monitores podem ser de muita utilidade, permitindo-nos focar nos médios e agudos, e deixando as comprovações de graves para serem feitas com fones de ouvido, evitando problemas com vizinhos, ocupando pouco espaço, e tudo isso com um pressuposto reduzido.
Yamaha HS7
As HS7 são bem diferentes. O médio se esconde, talvez muito, o que leva a soar algo plástico de “caixa barata”, porque se o HS5 realçava essa zona de 1KHz, este não o faz, e continua apresentando a mesma resposta à zona imediatamente superior, com o que o médio fica mais esconido e mais tênue — visto que nenhuma das duas tem um médio-grave destacável —.
O agudo aumenta, e como era de se esperar, também o grave, mas apresenta bem marcado a característica bass reflex — ou seja, apresenta o problema que me referi anteriormente sobre a duração dos sons graves —. No momento das escutas tive a clara sensação de que esta caixa pretende chegar aonde não pode. Ao menos faz isso com qualidade, mas ouvindo os áudios que trouxe de volta, e já aqui em meu estúdio, não os ouço tão mal como naquele momento.
Se nos fixarmos nos preços da série, veremos que a diferença de preço entre os HS5 e os HS7 é muito pequena. Não chega a 40 dólares (por unidade). No entanto, quando passamos de 7” para 8”, sendo um salto não maior que o salto anterior de 5” para 7”, o preço sobe 80 dólares. Porém, a extensão de graves passa de 54Hz para 43Hz, e daí a 38Hz. De Lá a Fá e a Ré.
Isto nos faz pensar que se os saltos de qualidade ao passar de um modelo a outro foram lineares —tal e como são com a extensão espectral—, ninguém compraria o HS5, já que a diferença em preço com respeito ao HS7 é tão pequena que muito pouca gente resistiria a ter a resposta de graves aumentada destas últimas. E é que pelas especificações, o HS7 possui resposta até 43Hz. Este ponto é muito importante, porque o Mi mais grave de um baixo está em 41.2Hz.
O que falta ao HS7? Espectralmente, o médio, e além disso, a resposta temporal dos graves. Durante as audições sempre tive a impressão de que seu projeto foi forçado para poder obter estes números de largura de banda. A diferença em grave com respeito ao HS5 é muito grande para somente custar 40 dólares. Mas a sua qualidade não é boa.
Yamaha HS8
O HS8 pelo contrário, soa mais amplo e natural, menos forçado que o HS7. É o maior do monitores da série HS e não apresenta a sensação de embaralhamento que se aprecia no HS7 na zona 150Hz-200Hz como um piano que arpeggiado. Segue adicionando esses graves longos e inchados do HS7, mas a caixa soa mais equilibrada.
Por outro lado, se formos falar da imagem estéreo, parece como se o som do HS8 vem de uma superfície emissora maior que o HS7. A diferença sonora entre o HS7 e o HS8 é maior do que caberia esperar vendo as dimensões de cada monitor. O HS8 tem mais facilidade para inundar o ambiente com o som, envolve mais. Muito mais que o HS7.
Samples de áudio
Como comentei, fiz alguns samples gravados. Somente devem ser tomados como uma referência a mais. Ao captar o som se perdem alguns matizes que fazem com que tenhamos sensações diferentes quando ouvimos o som captado.Todos os monitores onde fiz testes de varredura deram como resultado um realce em 80Hz e alguns cancelamentos parciais em 120Hz, 160Hz e 220Hz, todos múltiplos de 40Hz, de onde posso desconfiar que este desvio se dá por causa da sala.
Outro fator a considerar é o volume dos samples. Ajustei para que as sensações ao ouvi-las fossem as mais parecidas com as que tive quando durante as audições. Caso um monitor não dê graves, não é conveniente que o RMS de seu sample seja o mesmo que o do outro monitor que dá graves, porque este segundo dará a sensação de uma perda nos médios agudos, visto que tem de distribuir essa energia para a largura de uma banda maior.
Explicando de outro jeito:
1- Vamos supor que um sample de um monitor com 5 unidades de volume. Este monitor, não possui graves, consequentemente as cinco unidades corresponderão à médios e agudos. Por exemplo, 3 médios e 2 agudos.
2- Vamos supor que um novo sample, agora de um monitor com uma resposta de graves correta e uma resposta geral muito plana, com suas 5 unidades de volume sendo repartidas em graves, médios e agudos de forma uniforme. Por exemplo, 2 graves, 2 médios e 1 para os agudos.
Ao comparar, notaremos que o médio agudo do segundo está mais baixo que no primeiro sample, visto que o primeiro tinha cinco unidades de energia concentradas no médio agudo, e o segundo somente 3.
O que acontece não é que a segunda caixa tenha menos médios agudos, e sim que tem mais graves.
Por último, recomendo fazer as escutas com fones de ouvido.
Conclusões
- Gostei muito da irmão menor da série. Creio que, sem ter
confrontado ambos, o HS5 pode ser um bom sucessor do mítico NS10. E
por menos de 400 dólares dispomos do sistema completo (as NS10
custavam isso mas ainda tínhamos que amplificar), e temos mais
portência que seu predecessor.
- Pequeno, barato, e com uma resposta em médios que mostrará
falhas nas mixagens, vejo o HS5 como a melhor opção desta série
da Yamaha. Seria uma de minhas primeiras opções de compra neste
segmento, juntamente com o JBL LSR 305 —que é mais econômico,
com mais potência, com mais extensão de graves, mas com uma
resposta em médios que gostei muito já que realça mais o
médiograve, a percebo como algo menos rica em geral que a da HS5—.
- Em segundo lugar colocaria a HS8. É um monitor preciso, com
uma resposta de graves que nos permite ouvir praticamente todo o
espectro, com uma sonoridade que lembra os monitores de três vias.
Agora, se o ambiente for pequeno, haverá problemas com graves.
- E por último, as HS7...
- A característica geral da série? Soam um pouco nasais. Por
exemplo, custa tirar o corpo do aro da caixa da bateria, ou o corpo
de vozes femininas, e o grave, quando existe, é bem lento.
MonitoresYamaha HS (site oficial)
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