Entenda os formatos sonoros utilizados na Internet
Desde a sua popularização, a partir de meados da década de 90, a Internet vem se
transformando num imenso canal de difusão de informações sobre os mais variados
assuntos. Algumas das facilidades técnicas oferecidas pela grande rede, sobretudo
recursos gráficos e interatividade, são convidativos para a exploração de novos meios de
divulgação artística e cultural.
O formato de se “apresentar” as informações na Internet - como você está visualizando
esta página agora - é padronizado (ou pelo menos tenta-se que seja!), de maneira que
os códigos usados para a formatação do texto (letras em itálico, negrito, etc), bem como
os comandos especiais usados para a manipulação de imagens e sons, são definidos na
especificação HTML (Hyper-Text Mark-up Language).
Assim como há diversos formatos de armazenamento (arquivos) de imagens, sejam elas
estáticas (figuras, fotografias) ou animadas (animações, vídeos), também existem alguns
formatos diferentes para se armazenar música e sons.
O objetivo deste texto é apresentar os principais formatos sonoros atuais, e quais
aqueles que melhor se adaptam às características (ou melhor, às limitações atuais) da
Internet. Veremos também como podemos inserir esses tipos de informações sonoras em
homepages. Tudo isso acompanhado de exemplos práticos e audíveis.
I. O ambiente e as limitações
Ainda que a Internet seja um ambiente por demais interessante para a divulgação
artística, no caso da música as condições atuais dos meios de transmissão (leia-se: linhas
telefônicas) ainda criam uma grande limitação, que é a velocidade de transmissão dos
dados. Isso tem impossibilitado a transmissão em tempo-real (“broadcasting”) de música
com boa qualidade (consegue-se hoje, na maioria dos casos, transmissões com qualidade
semelhante às rádios AM).
Em poucos anos, provavelmente essas limitações estarão superadas, tanto pela evolução
das tecnologias de compactação de áudio (veremos adiante), quanto pelo aumento da
taxa de transferência de dados dos modems e a melhoria das condições do meio de
transmissão. No caso dos modems, por exemplo, temos visto uma evolução bastante
significativa, em que avançamos dos modestos 2.400 no início da década de 1990, para
os atuais 56k.
II. Os formatos
Há algumas formas diferentes de se transmitir digitalmente informações sonoras e
musicais, e, evidentemente, cada uma delas possui suas vantagens e desvantagens.
Alguns desses formatos são de domínio público, não requerendo qualquer custo para a
sua implementação; outros, infelizmente, são de propriedade de algumas empresas de
tecnologia e, geralmente, necessitam de autorização (leia-se: pagamento de “royalties”)
para serem usados.
Um dos pontos mais vitais para a disseminação de uma tecnologia de transmissão é a
sua disponibilidade, isto é, a facilidade que se para poder usá-la. Com a acirrada corrida
tecnológica que existe no mundo moderno, as empresas têm investido muito em
pesquisa e desenvolvimento, buscando soluções que possam ser vendidas ao mercado
consumidor. Ainda que haja instituições internacionais que regulamentam protocolos e
especificações, nem sempre há um consenso imediato para a implementação de um
padrão comum (conhecemos casos recentes, como o próprio padrão HTML e os
protocolos dos modems de 56k). Isso, no final das contas, acaba sempre prejudicando o
usuário consumidor.
Mas como é assim que as coisas acontecem, o que o usuário pode fazer é manter-se
informado dos fatos (o que não é difícil para quem costuma navegar na Internet),
experimentar e avaliar cada nova ferramenta disponível, e observar atentamente a
tendência do mercado, para “não ficar para trás”.
Os formatos mais usuais para se transmitir e/ou distribuir música e sons pela Internet
são os seguintes:
● Standard MIDI File - música instrumental codificada digitalmente
● WAV - som (áudio) gravado digitalmente
● Real Audio - som (áudio) gravado e compactado digitalmente
● MPEG Layer 3 - som (áudio) gravado e compactado digitalmente
Vejamos então os detalhes de cada um desses formatos:
Standard MIDI File
O protocolo MIDI (Musical Instrument Digital Interface) surgiu em 1983, a partir de um
certo consenso entre os principais fabricantes de instrumentos musicais eletrônicos da
época (Sequential Circuits, Yamaha, Roland, Moog, Kawai, etc). A idéia original do MIDI
era a possibilidade de se comandar um sintetizador a partir de outro (controle remoto).
Para isso, cada ação do músico no teclado é codificada digitalmente como um comando e
transmitida por um cabo; ao chegar ao outro sintetizador, esse comando faz com que
este execute a ação produzida pelo músico no outro teclado.
Uma das características que facilitou a sua divulgação no meio musical é o fato do MIDI
não ter um “dono”, isto é, o protocolo foi criado a partir da cooperação mútua dos
fabricantes, e por isso é de “domínio público”. Como ninguém precisa pagar qualquer
royalty para usar MIDI, todos os fabricantes passaram a implemetá-lo em seus
instrumentos e equipamentos. Assim, em poucos anos o mundo inteiro já estava
usufruindo desse recurso que possibilitou uma verdadeira revolução nos processos de
composição e produção de música.
Concebido especificamente para uso musical, o MIDI é um protocolo de transmissão de
dados, onde os comandos são transmitidos serialmente à uma taxa de 31.250 bits/seg, e
os códigos utilizam “palavras” de oito bits. Uma das principais vantagens do MIDI é a
economia de dados: a maioria dos comandos utiliza apenas dois ou três bytes. Por
exemplo: a ação de pressionar uma tecla gera apenas um código de três bytes, e
nenhum outro código é gerado pelo teclado até que outra ação seja efetuada. Ao se
soltar aquela tecla, independentemente de quanto tempo ela tenha permanecido
pressionada, é então gerado um outro código, de apenas dois bytes.
Isso faz com que toda uma composição musical complexa possa ser completamente
registrada numa seqü.ncia de cerca de 100 kB. Um simples disquete pode conter
dezenas de composições codificadas em MIDI.
Há um formato padronizado para se arquivar seqü.ncias MIDI, que é o Standard MIDI
File (SMF). Esse formato é universal, e suportado hoje por todos os softwares
sequenciadores e editores de partituras, e também pelos teclados que possuem
sequenciadores internos. Existem, basicamente, dois tipos de formatos Standard MIDI
File: o formato “0”, que contém todos os códigos da música armazenados numa única
“trilha”, é o mais usado pelos seqüenciadores embutidos nos teclados MIDI comuns; já o
formato “1”, que contém várias trilhas, cada qual com a execução de um dos
instrumentos da música, é o mais usado profissionalmente. Todos os arquivos SMF
possuem extensão “.MID”.
Pelo fato das sequencias MIDI conterem poucos bytes, existem na Internet inúmeras
homepages que disponibilizam música em arquivos SMF. Como a maioria dos
computadores hoje dispõe de kits multimídia, com placas de som dotadas de chip
sintetizador (alguns muito ruins, por sinal), é possível a quase qualquer usuário ouvir
música em formato MIDI.
Além da economia de espaço, os arquivos de música MIDI oferecem uma outra vantagem
bastante interessante, que é a interatividade: como um arquivo SMF pode ser aberto por
qualquer software seqüenciador (ou por um seqüenciador de um teclado MIDI), o usuário
tem acesso direto a todos os códigos de execução musical, de todas as partes da música,
sendo assim possível alterar a música original, mudando notas, trechos, andamento,
comandos de volume, dinâmica, seleção de timbres, e muitas outras coisas. É como se o
usuário tivesse acesso aos originais de um livro, e pudesse reescrevê-lo à sua maneira.
Isso pode parecer um pouco absurdo, mas é um fator que tem feito muitas pessoas se
aproximarem mais da música. Além disso, dependendo do software utilizado, uma
música em formato SMF pode ser visualizada, editada e impressa sob a forma de
partitura convencional. O arquivo SMF pode conter também informações adicionais, como
a letra da música, por exemplo.
Talvez a única desvantagem da música em formato SMF seja o fato de que para ouvi-la é
necessário ter-se um instrumento MIDI (além do software e da interface MIDI). Nos
computadores equipados com kit multimídia, a placa de som geralmente possui um chip
sintetizador, e também uma interface MIDI. O chip sintetizador pode executar
diretamente a música do SMF, e o som das notas musicais gerado pelo sintetizador sai
pelo conector de saída de som da placa (geralmente acoplado às caixinhas de som). As
placas mais simples possuem chips sintetizadores do tipo “FM Synth”, cujo som é
péssimo, mas as placas melhores vêm com sintetizadores do tipo “wavetable”, cujos sons
são gerados a partir de amostras digitais (“samples”) de instrumentos convencionais.
Além do chip sintetizador, as placas de som geralmente também já têm uma interface
MIDI, requerendo apenas um cabo/adaptador acoplado ao conector de joystick. Com esse
conector, pode-se ligar um teclado MIDI à placa, e então executar a música num
sintetizador MIDI externo.
Exemplo 1:
A música “4 Dias Depois” foi criada originalmente como seqü.ncia MIDI. O arranjo
completo para instrumentos padrão GM contém apenas 7 kB, e está armazenada no
arquivo 4DIAS.MID. Você pode transferir (download) esse arquivo para seu computador e
executá-lo em qualquer software que suporte Standard MIDI Files (ex: Media Player do
Windows).
WAV
O arquivo do tipo WAV é hoje o meio mais comum de armazenamento digital de som em
computadores, sobretudo na plataforma PC/Windows. Nele, o áudio é digitalizado em
PCM (Pulse Code Modulation), onde cada ponto do sinal sonoro é amostrado e medido,
obtendo-se assim uma sucessão de valores numéricos que codificam o som original.
Nesse processo de digitalização, o som não sofre qualquer perda, e nem os dados são
alterados para reduzir espaço de arquivamento. O conjunto de dados, portanto, é uma
cópia fiel do sinal que foi digitalizado, e a qualidade do áudio digitalizado depende
somente do circuito conversor analógico/digital (A/D), que geralmente pode operar com
valores de 8 ou 16 bits, e taxas de amostragem (“sampling rates”) de 4 kHz a 48 kHz.
Como regra geral, podemos assumir que quanto maior for a resolução (bits) na
conversão, melhor será a fidelidade do som, sobretudo no que diz respeito a ruído e
resposta dinâmica. Já a taxa de amostragem (indicada em kHz), determina a a resposta
de freqü.ncias, influindo mais na reprodução dos sons agudos.
Só a título de referência: no CD de áudio comum, que utiliza PCM, o áudio é digitalizado
em stereo, usando resolução de 16 bits e taxa de amostragem de 44.1 kHz. Já no DVD
de áudio (sucessor do CD), que também utiliza PCM, o som é digitalizado em stereo,
usando resolução de 24 bits e taxa de amostragem de 96 kHz
Os arquivos WAV podem conter dados de áudio PCM mono ou stereo, sendo que a
resolução e a taxa de amostragem depende do dispositivo conversor e do software
utilizado. Geralmente são usadas as resoluções de 8 ou 16 bits, e as taxas de
amostragem de 11.025, 22.050 ou 44.1 kHz. Como já citamos antes, quanto maior a
resolução e a taxa de amostragem, melhor é a qualidade preservada no arquivo, mas
também quanto maior for a qualidade desejada, maior será o espaço requerido (em
bytes) para se armazenar o áudio. Por exemplo: se um som stereo é amostrado
(digitalizado) em 16 bits (2 bytes) com taxa de amostragem de 44.1 kHz, isso quer dizer
que a cada 1/44100 de segundo, é feita uma amostra de dois bytes para cada um dos
dois canais do stereo. Dessa forma, para se digitalizar um segundo de som stereo são
necessários 44.100 x 2 bytes x 2 canais = 176.400 bytes, cerca de 172 kB. Ou seja, para
se digitalizar um minuto de música stereo serão necessários mais de 10 MB.
Essas contas nos permitem perceber o principal problema do áudio digital, que é o
enorme volume de dados, o que requer dispositivos de armazenamento de alta
capacidade, e taxas de transferência muito rápidas. Como uma das limitações da Internet
- para a grande maioria dos usuários - ainda é a velocidade de transferência de dados,
podemos concluir o formato WAV só é viável para trechos muito curtos de áudio.
Abaixo, estão apresentados algumas opções do formato WAV, e as respectivas
quantidades de bytes requeridas para um minuto de gravação:
● 16 bits, 44.1 kHz, stereo (qualidade de CD) - 10,3 MB
● 16 bits, 44.1 kHz, mono (qualidade de CD em mono) - 5,2 MB
● 16 bits, 22.05 kHz, stereo (similar a rádio FM) - 5,2 MB
● 8 bits, 11.025 kHz, mono (similar a rádio AM) - 0,6 MB
Além da preservação da qualidade do som original, o formato WAV oferece ainda outras
vantagens. Uma delas é sua compatibilidade, pois praticamente todos os softwares de
áudio e multimídia o suportam. Outra vantagem é que, diferentemente de um arquivo
MIDI, para se reproduzir a música de um arquivo WAV não é necessário qualquer
sintetizador, bastando apenas uma placa de som comum.
Exemplo 2:
A música “4 Dias Depois”, criada originalmente como seqü.ncia MIDI, foi gravada
digitalmente em stereo (16 bits / 44.1 kHz) e salva num arquivo WAV de 6.1 MB. Por
causa do seu tamanho, esse arquivo não está disponível aqui, mas apenas um pedaço
dele, mantendo a mesma qualidade do áudio. Este pedaço da música está armazenado
no arquivo 4DIAS2.WAV (721 kB), que você pode transferir para seu computador e
reproduzir usando qualquer software que suporte WAV (ex: Gravador de Som do
Windows).
RealAudio
O RealAudio foi uma das primeiras propostas para a transmissão de sons em tempo-real
(“audio on-demand”) pela Internet. Para que isso seja possível, há um comprometimento
significativo da qualidade do áudio, que passa a ser diretamente dependente das
condições de transmissão dos dados. Dessa forma, há várias opções para se codificar o
áudio, de acordo com a aplicação:
● RealAudio 2.0 - 14.4; resposta de freqü.ncias: 4 kHz; indicado para transmissão
de voz, em modems de 14400;
● RealAudio 2.0 - 28.8; resposta de freqü.ncias: 4 kHz; indicado para transmissão
de voz com música de fundo, em modems de 28800;
● RealAudio 3.0 - 28.8 Mono, full response; resposta de freqü.ncias: 5.5 kHz; melhor
opção para transmissão de som, em modems de 28800;
● RealAudio 3.0 - 28.8 Mono, medium response; resposta de freqü.ncias: 4.7 kHz;
indicado para melhorar a clareza da música nos vocais e pratos da bateria, em
modems de 28800;
● RealAudio 3.0 - 28.8 Mono, narrow response; resposta de freqü.ncias: 4 kHz;
indicado para melhorar a clareza nas músicas com muitas partes cantadas, em
modems de 28800;
● RealAudio 3.0 - 28.8 Stereo; resposta de freqü.ncias: 4 kHz; indicado para música
stereo em geral, em modems de 28800;
● RealAudio 3.0 - ISDN Mono; resposta de freqü.ncias: 11 kHz; indicado para áudio
mono em geral, em conexões ISDN;
● RealAudio 3.0 - ISDN Stereo; resposta de freqü.ncias: 8 kHz; indicado para áudio
stereo em geral, em conexões ISDN;
● RealAudio 3.0 - Dual ISDN Mono; resposta de freqü.ncias: 20 kHz; indicado para
alta qualidade de áudio mono, em conexões Dual ISDN;
● RealAudio 3.0 - Dual ISDN Stereo; resposta de freqü.ncias: 16 kHz; indicado para
alta qualidade de áudio stereo, em conexões Dual ISDN;
Para poder ouvir uma música codificada em RealAudio, é necessário possuir o RealAudio
Player, um software especial que decodifica e reproduz arquivos tipo RA. Atualmente, há
o RealPlayer, um software mais genérico que pode reproduzir não só arquivos RealAudio
(RA), mas também RealVideo (RealMedia, RM).
Para uma homepage transmitir RealAudio ao vivo, é necessário que o servidor esteja
rodando o RealAudio Server.
Exemplo 3:
A música “4 Dias Depois”, criada originalmente como seqü.ncia MIDI, foi gravada
digitalmente em stereo (16 bits / 44.1 kHz) num arquivo WAV de 6.1 MB, depois
codificada RealAudio, e armazenada em dois arquivos, com características e qualidade
diferentes:
■ 4DIAS.RA (466 kB) - este arquivo tem melhor qualidade, mas você só poderá ouvilo
em tempo-real se sua conexão de Internet for extremamente rápida; se preferir,
pode transferir o arquivo 4DIAS.RA para seu computador, e ouvi-lo posteriormente
pelo RealPlayer;
■ 4DIAS-B.RA (70 kB) - este arquivo tem uma qualidade pior, mas você poderá ouvilo
em tempo-real, desde que seu modem seja de 28800 ou melhor, e o RealPlayer
esteja instalado em seu computador e configurado para executar pelo browser; se
preferir, pode transferir o arquivo 4DIAS-B.RA para seu computador, e ouvi-lo
posteriormente pelo RealPlayer;
MPEG Layer 3
O padrão MPEG Audio Layer 3 - popularmente conhecido como MP3 - surgiu do grupo de
trabalho Moving Picture Expert Group (MPEG), da International Standards Association
(ISO). Ele é um padrão de compactação de áudio e usado para armazenar música (ou
sons em geral), tendo como principal objetivo a redução de tamanho, sem perda
perceptível da qualidade sonora. A técnica usada para isso é chamada de “Perceptual
Audio Coding”, que analisa as freqü.ncias do som que estão “mascaradas” por outras (e
por isso praticamente não são ouvidas), e então utiliza menos bits para codificar essas
frequencias.
Este processo de “compactação inteligente” é utilizado nas gravações digitais em
Minidisc, e tem sido uma alternativa bastante interessante para determinadas aplicações,
como emissoras de rádio e sonorização de festas, onde a imperceptível perda de
qualidade não traz qualquer prejuízo.
Os arquivos com música codificada em formato MPEG Layer 3 possuem extensão “.MP3”,
e podem chegar a ter até menos de 10% do tamanho do arquivo WAV original da música.
Tal redução de tamanho viabiliza a transferência de música com qualidade de CD pela
Internet e, dependendo do tipo de conexão à rede (ISDN, por exemplo), pode-se até
mesmo ouvir a música em tempo-real, enquanto ela é transferida.
Os sub-formatos do MP3 são os seguintes:
● MPEG-1 Layer 3 - taxas de amostragem de 32, 44.1 e 48 kHz
● MPEG-2 Layer 3 - taxas de amostragem de 16, 22.05 e 24 kHz
● MPEG-2.5 Layer 3 - taxas de amostragem de 8, 11.025, 12 kHz
O MPEG-1 suporta uma banda de áudio mais ampla, e por isso é recomendado para
aplicações que requeiram alta qualidade. Esse formato opera com taxas acima de 96
kbits/seg (stereo) e 48 kbits/seg (mono). Para aplicações menos exigentes em termos de
qualidade, pode-se usar o MPEG-2, que oferece boa qualidade de som e opera com taxas
inferiores a 64 kbit/seg (stereo) e 32 kbits/seg (mono). O formato especial MPEG 2.5 foi
desenvolvido para aplicações em mono que exijam taxas de transferência muito baixas
(abaixo de 16 kbits/seg).
As taxas de transferência dependem do tipo de conexão utilizada para a transmissão dos
dados. Os valores típicos são os seguintes:
CONEXÃO TAXAS
modem 28800 16 kbps
modem 33600 32 kbps
dual ISDN 116 kbps
link 256k 128 kbps
Exemplo 4:
A música “4 Dias Depois”, criada originalmente como seqü.ncia MIDI, foi gravada
digitalmente em stereo (16 bits / 44.1 kHz) num arquivo WAV de 6.1 MB, depois
codificada em MPEG3, e armazenada em dois arquivos, com características e qualidade
diferentes:
● 4DIAS.MP3 (553 kB) - este arquivo tem excelente qualidade, mas não pode ser
ouvido em tempo-real (a menos que você possua uma conexão de Internet que
permita bitrates superiores a 128 kbps); mas você pode transferir o arquivo 4DIAS.
MP3 para seu computador, e depois ouvi-lo por qualquer software player de MP3;
● 4DIAS-B.MP3 (86 kB) - este arquivo tem uma qualidade inferior, mas você pode
ouvi-lo em tempo-real, se seu modem for de 28800 ou melhor, e haja um software
player de MP3 instalado em seu computador; se preferir, pode transferir o arquivo
4DIAS.MP3 e depois ouvi-lo por qualquer software player de MP3;
III. Como formatar a música
Para colocar a sua música no formato adequado à aplicação desejada, é necessário ter a
ferramenta correta. Para cada um dos casos apresentados aqui, há um tipo de software
específico.
Obs.: Se você pretende utilizar em sua homepage algum arquivo contendo material
musical que não tenha sido criado por você, certifique-se de que o mesmo está isento de
royalties de direitos autorais. Caso contrário, entre em contato com o autor, para obter
permissão para o uso do material para a finalidade que deseja.
Standard MIDI File
Para criar uma música em formato SMF, é preciso ter, pelo menos, um software
seqüenciador MIDI. Para compor a música no seqüenciador, pode-se usar o mouse para
escrever as notas, uma a uma, ou então “gravar” a execução do músico a partir de um
teclado MIDI, conectando-o ao computador através de uma interface MIDI (que pode ser
uma placa de som com cabo/adaptador MIDI).
Alguns teclados MIDI possuem um seqüenciador interno, que permite registrar em SMF a
execução do músico. A seqü.ncia pode então ser copiada do disquete do teclado para o
computador, e então ser transferida para a Internet (lembre-se de que alguns teclados só
trabalham com SMF formato 0).
Evidentemente, o processo de criação de uma música em SMF requer algum talento
musical, e também um mínimo de conhecimento de MIDI. Nesse aspecto, cabe observar
novamente que, dependendo do instrumento MIDI que for executar a seqü.ncia, pode
haver diferença de sonoridade nos timbres usados na música. Existe um padrão
denominado General MIDI (GM), que define a ordem de numeração dos timbres (piano,
órgão, violão, etc). Como a maioria dos sintetizadores e teclados MIDI atualmente é
compatível com este padrão, é recomendável que os timbres utilizados na música sejam
identificados conforme o padrão GM. Isso fará com que a música soe corretamente em
quase todos os instrumentos ou placas de som em que for executada.
Se você não possui um software seqüenciador MIDI (ex: Cakewalk, PowerTracks, etc) e
quer utilizar em sua homepage algum arquivo SMF já existente, pode ouvi-lo
previamente pelo Media Player do próprio Windows, selecionando nele o dispositivo
“seqüenciador MIDI”.
Áudio digital
Qualquer que seja o formato de áudio digital a ser usado (WAV, MP3, RA), antes de mais
nada é necessário digitalizar o som que se deseja colocar na Internet. Para isso, é preciso
pelo menos uma placa de som no computador, e um software que grave áudio. A maioria
dos kits de multimídia vem com algum software simples para gravação e edição de áudio
(ex: AudioView, WaveStudio, etc), mas caso você não tenha um software desse, poderá
usar o Gravador de Som do próprio Windows. Nele você pode gravar e até efetuar
alguma edição muito simples, como a adição de eco. Para ter a melhor qualidade de som,
configure para o software gravar em stereo, com 16 bits e 44.1 kHz.
Se você quiser passar uma seqü.ncia MIDI para gravação em áudio digital, poderá fazer
tudo diretamente dentro do computador, usando o Mídia Player para tocar a seqü.ncia
MIDI pelo sintetizador interno da placa de som (preferencialmente o wavetable synth) e,
ao mesmo tempo, gravar os sons do sintetizador diretamente em áudio digital no disco
rígido, usando o Gravador de Som.
No procedimento de gravação, deve-se tomar cuidado para que o sinal de áudio na
entrada da placa de som não seja nem muito alto (o que causa distorção), nem muito
baixo (o que torna suscetível a percepção de ruído).
O material de áudio gravado pelo software deverá ser salvo em formato WAV, mesmo
que você vá utilizar um outro formato (MP3 ou RA), pois a conversão de formato será
feita posteriormente. Alguns softwares de áudio (ex: Sound Forge, Cakewalk Pro Audio,
Cool Edit Pro) podem salvar o áudio em diversos formatos diferentes, incluindo o
RealAudio e MP3.
RealAudio
Para criar um arquivo de áudio em formato RealAudio, é necessário o software
codificador (“encoder”), ou então utilizar algum gravador/editor de áudio que já suporte
esse formato, como os citados no item anterior.
A codificação em RealAudio deve ser feita de acordo com as características em que o
material vai ser transferido (“bit rate”). Uma boa idéia é disponibilizar várias versões,
cada uma otimizada para um tipo de velocidade de modem (14400, 28800, 33600).
O software para codificação, RealAudio Encoder, permite compactar o áudio a partir de
um arquivo (WAV, RealAudio, AU ou “PCM puro”) ou então gravando o sinal diretamente
pela entrada da placa de som (valem aqui os mesmos cuidados na gravação mencionados
no item anterior). O resultado da compactação pode ser salvo num arquivo (extensão
“RA”) ou enviado diretamente para um servidor conectado à Internet (dotado do software
RealAudio Server) que transmitirá ao vivo o material sonoro (“broadcasting”). Essa
última opção é a utilizada pelas “rádios online”.
Tanto o RealAudio Player quanto o RealAudio Encoder podem ser obtidos gratuitamente
no site da Progressive Networks. Já o RealAudio Server (necessário para transmissão ao
vivo), não é distribuído gratuitamente.
MPEG Layer 3
Assim como o RealAudio, o formato MPEG requer a codificação do áudio original. Existem
inúmeros softwares codificadores, muitos deles gratuitos, outros shareware. Uma boa
opção é o MP3 Compressor, um pequeníssimo software “freeware” extremamente
eficiente e fácil de usar. Com a popularização do padrão MPEG, é bem provável que os
softwares gravadores/editores de áudio logo passem a suportar este formato.
Para compactar áudio em formato MP3 é necessário ter o material original num arquivo
formato WAV (preferencialmente com qualidade de CD: 16 bits, 44.1 kHz, stereo). As
características de qualidade do arquivo de destino podem ser definidas antes da
compactação, sendo permitidas diversas opções de taxas de amostragem, que é quem
vai determinar o grau de compactação final: usando uma taxa de 44.1 kHz, a
compactação pode chegar a mais de 1:10, e com uma taxa de 8 kHz, pode chegar a mais
de 1:80 (menos de 2% do tamanho original)!
IV. Como colocar a música na Internet
Agora vamos à última fase do nosso assunto, que mostra como implementar numa
homepage os comandos HTML associados aos recursos de sonorização que foram
abordados nos itens anteriores deste artigo.
É importante observar que o internauta só poderá ouvir o material musical se seu
software de navegação (“browser”) possuir os recursos adequados para a execução do
respectivo formato de arquivo. Os arquivos MIDI e WAV geralmente são suportados
automaticamente pelos browsers, não requerendo qualquer instalação ou configuração
extra. Para reproduzir arquivos MP3 e RealAudio, no entanto, é necessário que o
internauta possua um software específico (“player”), devidamente instalado em seu
computador.
Além disso, é necessário que o servidor (computador onde está localizada a homepage)
esteja devidamente configurado (“MIME Type”) para aceitar arquivos do tipo desejado
(WAV, MID, RAM, M3U, etc), para não abrir uma página HTML cheia de caracteres
estranhos quando o usuário clicar nos links de acesso aos arquivos sonoros.
Standard MIDI File
Para que o internauta possa ouvir uma música MIDI a partir daquela página, basta incluir
uma linha com o seguinte:
<A HREF="musica.mid">ACESSO</A>
Onde:
musica.mid - é o nome do arquivo MIDI da música, que deve estar no mesmo diretório
onde está a página (caso esteja em outro local, este deve ser indicado junto com o nome
do arquivo; ex: “main/sound/musica.mid”). Deve sempre estar entre aspas.
ACESSO - é qualquer frase que se queira escrever como referência para o link de acesso
à música MIDI. Pode ser também uma figura (nesse caso, conterá o comando HTML
necessário para apresentação da figura; ex: <IMG SRC="gif/figura.gif">).
Para que a música MIDI seja executada automaticamente ao se entrar na página, basta
incluir a seguinte linha de comando:
<EMBED SRC="ftp/musicntr.mid" width=0 height=0 autostart=true>
Esse comando funciona tanto no Netscape Navigator quanto no MS Internet Explorer.
Mas este último também reconhece o comando:
<BODY BGSOUND SRC="ftp/musicntr.mid">
Quando o internauta clica no link de acesso, o arquivo MIDI é transferido para o seu
computador e carregado no software configurado como player, que então executa a
seqü.ncia MIDI no sintetizador disponível.
WAV
Para o internauta ouvir arquivos WAV, o comando é extamente igual ao usado para
arquivos MIDI:
<A HREF="musica.wav">ACESSO</A>
Onde:
musica.wav - é o nome do arquivo WAV com a gravação da música, que deve estar no
mesmo diretório onde está a página (caso esteja em outro local, este deve ser indicado
junto com o nome do arquivo; ex: “main/sound/musica.wav”). Deve sempre estar entre
aspas.
ACESSO - é qualquer frase que se queira escrever como referência para o link de acesso
à gravação WAV. Pode ser também uma figura (nesse caso, conterá o comando HTML
necessário para apresentação da figura; ex: <IMG SRC="gif/figura.gif">).
Quando o internauta clica no link de acesso, o arquivo WAV é transferido para o seu
computador e carregado no software configurado como player, que então reproduz o som
através da placa de áudio.
RealAudio
Para o internauta ouvir material de áudio em formato RealAudio, o comando também é
exatamente igual ao usado para arquivos MIDI:
<a href="http://www.servidor.com.br/sound/musica.ram">ACESSO</a>
Onde:
http://www.servidor.com.br/sound/musica.ram - é o local e nome do “metafile” que é a
indicação (diretório) do servidor de RealAudio. Deve sempre estar entre aspas.
ACESSO - é qualquer frase que se queira escrever como referência para o link de acesso
ao material em formato RealAudio. Pode ser também uma figura (nesse caso, conterá o
comando HTML necessário para apresentação da figura).
Para colocar o arquivo sonoro disponível para “streaming audio”, deve-se fazer o
seguinte:
● Copiar o arquivo formato RealAudio (extensão .RA) para o computador do servidor.
● Use um editor de textos (ex: Notepad do Windows) para criar o “metafile”, que
conterá a referência da localização (URL) do arquivo sonoro propriamente dito.
Exemplo: Se o arquivo “4DIAS.RA” contém uma música em formato RealAudio, e
está localizada no site “audio”, então deve ser criado um “metafile” (arquivo-texto)
designado como 4DIAS.RAM, contendo a seguinte linha:
● audio/4dias.ra
● Salve o arquivo metafile com o nome que será indicado no link de acesso da sua
página (geralmente, o mesmo nome do arquivo sonoro), mas com a extensão “.
RAM”.
● Na sua página, então, inclua o link para o arquivo metafile (indicando a sua
localização, se essa não for a mesma da homepage). Exemplo:
<A HREF="4dias.ram">
Quando o internauta clica no link de acesso, o servidor envia o metafile, que faz com que
o software browser inicialize o player de RealAudio, que interpreta o metafile e busca o
arquivo contendo o som. Daí então começa a reproduzi-lo em tempo-real (“streaming
audio”), através da placa de áudio, sem ter fazer o download completo para poder
começar a ouvir (se as condições da conexão não forem boas, poderá haver alguns
“engasgos” na reprodução do som).
Para adequar a página às diferentes características (velocidades) dos modems dos
internautas, geralmente estão disponíveis várias opções de gravações RealAudio, cada
uma codificada para um tipo de velocidade de transferência. O servidor RealAudio se
encarregará de detectar a velocidade e enviar o material adequado a cada internauta.
Para utilizar esse tipo de recurso, é necessário que o servidor esteja devidamente
capacitado, não só equipado com o RealAudio Server, mas também dimensionado para o
fluxo constante de dados que o material de áudio produzirá (caso haja muitos internautas
“puxando” o áudio, ocorrerá congestionamento no link).
É possível também disponibilizar arquivos em formato RealAudio para serem apenas
transferidos para o computador do internauta, sem reprodução em tempo-real, para que
ele ouça posteriormente no RealAudio Player. Como os arquivos RealAudio são bastante
reduzidos, isso permite uma redução significativa do tempo de download, se comparado
com arquivos do tipo WAV, por exemplo.
O comando HTML é o mesmo, como se fosse um arquivo comum disponível para
download, mas o link é para o próprio arquivo RealAudio, e não seu “metafile”:
<a href="musica.ra">ACESSO</a>
O internauta pode clicar no link de acesso, e então salvar normalmente o arquivo em seu
computador, para depois carregá-lo e ouvi-lo no player de RealAudio.
MPEG Layer 3
Para o internauta ouvir ou transferir material de áudio em formato MPEG Layer 3, o
comando também é igual ao usado para arquivos MIDI:
<a href="http://www.servidor.com.br/sound/musica.m3u">ACESSO</a>
Onde:
http://www.servidor.com.br/sound/musica.m3u - é o local e nome do arquivo com a
indicação do servidor (URL) onde está o arquivo MP3. Deve sempre estar entre aspas.
ACESSO - é qualquer frase que se queira escrever como referência para o link de acesso
ao material em formato MP3. Pode ser também uma figura (nesse caso, conterá o
comando HTML necessário para apresentação da figura).
Para colocar o arquivo sonoro MP3 disponível para “streaming audio”, deve-se fazer o
seguinte:
● Copiar o arquivo formato MPEG (extensão .MP3) para o computador do servidor.
● Use um editor de textos (ex: Notepad do Windows) para criar um arquivo-texto,
que conterá a referência da localização (URL) do arquivo sonoro propriamente dito.
Exemplo: Se o arquivo “4DIAS.MP3” contém uma música em formato MPEG, e está
localizada no site “audio”, então deve ser criado um arquivo-texto designado como
4DIAS.M3U, contendo a seguinte linha:
audio/4dias.mp3
● Salve o arquivo-texto com o nome que será indicado no link de acesso da sua
página (geralmente, o mesmo nome do arquivo sonoro), mas com a extensão “.
M3U”.
● Na sua página, então, inclua o link para o arquivo-texto (indicando a sua
localização, se essa não for a mesma da homepage). Exemplo:
<A HREF="4dias.m3u">
Quando o internauta clica no link de acesso, o servidor envia o arquivo-texto, que faz
com que o software browser inicialize o player de MP3, que interpreta a informação do
texto e busca o arquivo contendo o som. Daí então começa a reproduzi-lo em tempo-real
(“streaming audio”), através da placa de áudio, sem ter fazer o download completo para
poder começar a ouvir (se as condições da conexão não forem boas, poderá haver alguns
“engasgos” na reprodução do som).
Para utilizar esse tipo de recurso, é necessário que o servidor esteja devidamente
capacitado, dimensionado para o fluxo constante de dados que o material de áudio
produzirá (caso haja muitos internautas “puxando” o áudio, ocorrerá congestionamento
no link).
É possível também disponibilizar arquivos em formato MP3 para serem apenas
transferidos para o computador do internauta, sem reprodução em tempo-real, para que
ele ouça posteriormente no player de MP3.
O comando HTML é o mesmo, como se fosse um arquivo comum disponível para
download, mas o link é para o próprio arquivo MP3, e não o arquivo-texto de referência:
<a href="musica.mp3">ACESSO</a>
O internauta pode clicar no link de acesso, e então salvar normalmente o arquivo em seu
computador, para depois carregá-lo e ouvi-lo no player de MP3.
V. Para mais informações...
Aqui estão alguns sites que possuem material interessante para quem deseja se
aprofundar no uso de música e áudio na Internet:
Áudio digital / MP3 / RealAudio
■ AES - Audio Engineering Society
■ CERL Sound Group
■ MP3 Compressor
■ MPEG Layer 3
■ RealAudio
MIDI / Computer Music
■ Electronic Music Foundation
■ MMA - MIDI Manufacturers Association
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