sábado, 9 de fevereiro de 2019

VS e Sequencer - Você sabe a diferença?

Você sabe o que é VS, Sampler, Sequencer, Backing Track, Playback, Loop, MD, Multitrack?

Este é um assunto bastante comum entre mídias e grandes produções. Mas a verdade é que muito pouca gente sabe ao certo o que esses termos significam, e qual as diferenças entre eles.

Em uma resposta rápida e direta podemos dizer que se trata de gravações que se solta ao vivo, junto com um metrônomo, e que tem aquela parte de teclado que o tecladista não consegue tocar por falta de dedos, ou aquela parte de metais que não deu pra levar na estrada, ou ainda aquele backing vocal maravilhoso que só deu pra pagar no estúdio.





Aqui no Brasil as pessoas chamam de tudo o que é nome: Sequencer, Backing Track, Multitrack, Playback, Sampler, MD, Loop, .... e de VS mesmo… A lista é grande, mas iremos agora saber o que são todos eles.

Comecemos pelo mais antigo: o Sequencer.

Nos anos 80 o CD tinha acabado de chegar, e não existiam muitos dispositivos de gravação acessíveis como existem hoje em dia. 35 anos atrás as pessoas iriam imaginar que hoje em dia a gente carrega gravadores portáteis, e que ainda são capazes de fazer ligações igual a um telefone em nossos bolsos.



A música era totalmente ao vivo. Só era possível ouvir o que se podia. Porém, com a chegada dos sintetizadores com opções de MIDI, passou a ser possível disparar uma sequência de notas, sem ter que necessariamente tocá-las. O termo “Sequencer” vem daí, sequência de comandos. Os “MIDI Sequencers” (Sequenciadores MIDI) enviavam sinais para sintetizadores de som, não importando se fossem eles Teclados, “Drum Machines” (Baterias Eletrônicas) como a TR-808 da Roland, ou outros tipos de geradores de som.

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Já existiam outros tipos de sequenciadores, mas esses eram bem específicos de teclados e eram em sua grande maioria analógicos, sem nada digital.

O que isso tem a ver com o som que usamos no palco? Bom, as bandas maiores levavam esse equipamento todo, o “MIDI Sequencer” e os sintetizadores, para o palco, e lá soltavam as trilhas eletrônicas, junto com o clique ou não, e assim podiam "engrossar" o que eles tocavam no palco, sem ter que levar mais gente.

Tinha-se que que levar um sistema de fita pro palco, como o Queen com Bohemian Rhapsody em 1981E não tinha clique, ou seja, não dava pra tocar junto. Era só para efeitos e introduções, como o Pink Floyd também fazia ao vivo.

O Famoso VS (de onde vem o nome)

Desde então a vida ficou muito mais fácil. Na metade dos anos 90 chegaram os VS, “Virtual Studios” da Roland. Eles eram a versão digital de uma mesa de gravação em fita. Eles podiam gravar até uma determinada quantidade de canais (o VS-880 podia mixar 14 canais ao mesmo tempo), e podiam ser disparados de forma sincronizada, e tudo no digital. Isso permitia que você programasse coisas do tipo: no refrão, o teclado sobe um pouco de volume. Isso era chamado de automação, coisa que só era possível nos estúdio gigantes e caríssimos da época.

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Com essa quantidade de canais já era possível colocar aquele coral e aquele trio de metais. E ainda dava pra colocar aquela base de guitarra, quando rolava o solo, aquele violão pra não precisar carregar mais coisa na van, aquele sintetizador vintage que foi maravilhoso na gravação mas que já é tão sensível que nem dá pra tirar ele do estúdio. Enfim, as fronteiras foram se expandindo.
Esse foi um grande auge desse tipo de material pré gravado usado no palco, pois esses equipamentos já podiam ser comprados por bandas de bailes de médio porte, e lógico, as grandes bandas também usavam.

Os MDs

Nessa época a Yamaha lançou a sua versão de Gravador Multipista: os MDs (MiniDiscs). Esse formato foi bastante divulgado como sendo o futuro, mas não vingou.

Esse MiniDiscs podiam reproduzir até quatro faixas ao mesmo tempo, então dava pra ter opções e ainda soltar o clique junto. Até hoje não é incomum encontrar esse tipo de equipamento com alguns veteranos.

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Na metade dos anos 90, esses “Virtual Studios” se desenvolveram e se tornaram totalmente integrados com os computadores. Os programas que chamamos de “Digital Audio Workstations”, ou “DAW” (Estação de Trabalho de Áudio Digital), como o ProTools, o Cubase, o Logic, o StudioOne, etc., são a evolução do que um dia era totalmente dependente de um hardware.

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Playbacks

Vejamos os Playbacks. Eles já existiam desde os anos 80, quando se tinha dinheiro para fazer a prensagem de uma versão da gravação sem a voz do cantor (que às vezes era melhor que a versão original).
O princípio era o mesmo. Uma gravação de fundo com tudo o que não poderia se tocar no palco. No caso de programas de auditório, não tem como montar uma estrutura para a banda inteira tocar só uma música, logo, os “Playbacks” foram muito usados, e ainda são, para esse tipo de situação. Lembrando que o cantor pode estar cantando ao vivo, ou só dublando, o que é chamado de “Lip Sync” (Sincronização de Lábios).
A diferença do Playback para o VS, é que não precisava de algo para se tocar junto. Só a música já era o suficiente para se saber onde estava e como dublar. Lógico que às vezes rolava umas gafes.

O “Sequencer” não precisava de clique porque se sincronizava com os teclados e afins por meio do próprio MIDI, e o VS além de já disparar tudo no tempo, ainda tinha uma trilha de clique separada, para o baterista poder conduzir a banda.



O Loop

Isso nos leva a outro tipo de recurso: o Loop. “Loop” em inglês significa algo que dá voltas. No caso estamos falando de uma batida ou groove de poucos compassos, que se repete muitas e muitas vezes. Normalmente é uma batida de percussão ou uma batida eletrônica, o que permite o baterista tocar junto. Nesse tipo de recurso não há click separado, então a forma de se tocar junto é ouvindo o próprio loop, que já tem nele mesmo a marcação de andamento, como um cowbell ou uma meia lua. Os Loops também foram muito usados nos anos 90, principalmente por DJs que puxavam pedaços de gravações famosas e misturavam com outras músicas.

A vantagem do Loop é que não é necessário um grande equipamento. Qualquer coisa que solte o som, como um toca fitas, um CD ou MP3 player, pode ser usado. Isso faz com que ele seja usado em situações com orçamentos limitados, como em Igrejas e em bandas pequenas.

Sampler

Existe muita confusão sobre o que é sampler. Algumas pessoas pensam que o que se soltava nos VS e o que se solta com um Kontakt ou um Mainstream são a mesma coisa. Vamos elucidar essa questão indo na origem do termo.

O que é VS e Sequencer? Parte 1 de 2 - Imagem 6


Em inglês, “Sample” significa “Amostra”. Esse termo se tornou mais usado no áudio com a chegada do áudio digital em que a quantidade de “fotos” que o computador tirava do áudio era chamada de “Sample Rate” (Taxa de Amostragem).

Quando dizemos Sample hoje em dia, queremos dizer que é a amostra de um instrumento ou som que é disparado mas que não é necessariamente produzido acusticamente. Como quando usamos um programa pra soltar um timbre de Piano feito no Japão ou na Alemanha, sendo que o que estamos tocando é só um conjunto de teclas, que não tem som nenhum (ou seja, um Teclado Controlador). Ou quando usamos aquela bateria eletrônica com o som furreca pra disparar os sons do EZ Drummer, ou do Addictive Drums.


O que é VS e Sequencer? Parte 1 de 2 - Imagem 7
Kontact Player


Pois bem, o “Sampler” é aquele que solta o sample, ou a amostra de áudio. Nesse caso, o EZ Drummer, o Addictive Drums, o Kontakt Player, ou qualquer outro programa que dispara sons, age como um Sampler. Veja bem que uma letra já faz toda a diferença: Sample não é a mesma coisa que Sampler.

Claro que em sua origem, um pedaço de uma música, ou mesmo uma só faixa de uma música, como um violão ou um trompete, são Samples, e são tocados por um Sampler. Mas ainda assim é bem distante do que estamos falando aqui que é o som com o click usado no palco para cobrir o que não pode ser tocado pelos músicos.

MultiTrack

Quando alguém fala de “Multi Tracks” normalmente se refere às faixas que foram gravadas separadamente no estúdio. Logo, selecionando elas você poderia fazer uma faixa com aquilo que não dá pra tocar no palco. Mas existe outro recurso bem famoso com esse nome.

Na verdade, MultiTracks.com é uma empresa que tem aplicativo chamado Playback. Ele é exatamente o que nós estamos falando aqui. Só que ele por si só já é um programa, então não precisa de um computador, já que ele roda em tablets. E também não é preciso um programa de estúdio, ou DAW, para preparar o áudio. O programa faz isso nele mesmo. E já solta o click separado em um canal, e o conteúdo musical em outro.

Ele é muito famoso no meio gospel, porque as músicas que tem no catálogo deles são desse meio, tanto nacional como internacional.



O que é VS e Sequencer? Parte 1 de 2 - Imagem 8
Playback App – MultiTracks.com

Qual é o termo mais certo?

Se é que existe um mais correto, pra mim é Backing Track. Por que? Porque esse termo define bem que estamos falando desse tipo de recurso pré-gravado. No inglês, “Backing Track” significa trilha que fica no fundo, que é exatamente o que nós queremos dizer. Os artistas lá de foram também usam esse termo.

O Backing Track é uma, ou várias, faixas de música que ficam no fundo da performance ao vivo. Claro que, com o equipamento certo, essas faixas podem ir separadamente para o técnico mixar conforme ele prefere. Mas sabemos que muitos dos lugares que tocamos não tem essa estrutura, e muitas vezes o técnico nem sabe lidar com esse tipo de recurso.

Para solucionar isso normalmente se soma tudo em uma faixa só, mono ou estéreo, com tudo que não vai ser feito no palco. Aquele Backing Vocal, Base do Solo, Violão maravilhoso, Órgão com Amplificador Leslie, Batida Eletrônica, Cachorros Latindo, Barulho de Nave Espacial… Enfim, não há limites.

O mais legal é que os recursos tecnológicos de hoje em dia nos permitiram chegar ao ponto em que mesmo que você não tenha um tecladista, você pode tocar aquele Van Halen que começa com um Sintetizador maravilhoso (você sabe qual é a música). Ou mesmo que você não tenha um saxofonista na banda, você pode tocar aquele sucesso do Dire Straits (esse aqui) sem precisar adaptar nada.


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