Como gravar guitarras elétricas
Uma técnica muito usada e que normalmente resulta muito bem quando se capta uma guitarra é dobrar o som da mesma. Este método consiste em gravar o mesmo trecho duas vezes (com pequenas variações), dando a impressão de um som mais "cheio". Evite ligar a guitarra ou amplificador diretamente na linha e use, de preferência, um microfone (ou mais) para a captação, principalmente para sons com distorção, de modo a captar diferentes áreas do amplificador. Se tiver possibilidade, tente captar o amplificador com um microfone à frente e outro atrás, para capturar a ressonância da caixa do amplificador e, consequentemente, dar mais "força" ao som. Recomenda-se o uso de microfones dinâmicos devido à sua característica de resistir a altos níveis de pressão sonora (SPL), embora muitos microfones a condensador possam também ser usados. Um dos mais
usados é do tipo cardióide (duro, exemplo: Shure SM-57). Tente equilibrar bem o volume do amplificador - se estiver muito alto, arrisca-se a uma distorção à entrada da mesa, e, muito baixo, apanhará o som ambiente (e, consequentemente, ruído). Mantenha o microfone mais ou menos a 20 cm do amplificador, um bocado afastado do centro (para o lado).
Como gravar violões
Nesta seção darei algumas dicas úteis para se conseguir gravar violões o melhor possível.
Os avanços tecnológicos nestes últimos anos trouxeram-nos uma enorme variedade de equipamentos para utilização na captação e gravação de sons de uma guitarra elétrica, mesmo para aqueles com menor capacidade financeira. Fabricantes como a Digitech, Line6, Roland ou a Yamaha conseguiram criar equipamentos que permitem a qualquer músico fazer a gravação da sua guitarra elétrica, sem ser necessário ligar um único microfone.
No entanto, o mesmo já não se pode dizer em relação aos violões que não dispõem de pick-up embutido. O som destes pode ser modelado fisicamente de forma virtual, mas com um sucesso limitado - funcionará, por exemplo, em concertos ao vivo, mas não será suficiente para as exigências de uma gravação de estúdio. Conseguimos também resultados interessantes usando um sampler MIDI associado a uma programação inteligente, apesar deste método raramente oferecer uma qualidade e versatilidade totalmente satisfatória.
É por esta razão que a esmagadora maioria dos músicos amadores ainda tem de ligar um microfone à sua guitarra acústica se quiser utilizá-la numa música, mesmo quando consegue criar artificialmente todo o resto da canção. Gravar uma guitarra eléctrica é um processo complexo, no entanto há um grande número de técnicas de gravação e de uso de microfones disponíveis que lhe poderão oferecer bons resultados.
Preparação para a gravação
Isto pode parecer-lhe um pouco óbvio, mas é verdadeiramente importante que a guitarra lhe soe o mais possível com o som final que deseja, antes sequer de pensar ligar-lhe um microfone. Trate
do essencial primeiro: esta é a guitarra ideal para o seu trabalho? Se não for, peça uma emprestada ou então pense em investir numa nova. Há muitos engenheiros de som que adquirem guitarras para conseguir obter um som específico, mesmo não sendo eles próprios guitarristas. Não exclua, por isso, essa hipótese, se a sonoridade da guitarra for muito importante para si.
Escolha um tipo espessura de corda apropriado para o instrumento e para o tipo de som que procura, verifique também se a guitarra está bem configurada, para que o som não tenha interferências. Existem muitos tipos diferentes de cordas de aço - cada uma produz sons subtilmente diferentes.
As mais utilizadas são as de bronze e de níquel. Um instrumento com espessuras mais leves de cordas (entre 11 e 50) será, por norma, mais fácil de tocar, mas produzirá um som mais “leve”. Por outro lado, um set de cordas mais pesadas (ou “duras”) pode, por vezes, produzir um som que poderá falhar em tons mais altos. A melhor escolha será, à partida, o set mais “duro” de cordas, que ainda são suficientemente confortáveis ao tocar.
Uma afinação inicial pode variar com o decorrer das gravações, por isso deverá usar um afinador eléctrico entre cada take.
Se o guitarrista estiver a utilizar uma palheta, vale sempre a pena experimentar diferentes espessuras. Dependendo do tipo de cordas que está a usar, poderá obter sons bem diferentes uns dos outros. Não tenha receio de perder meia hora ou o que for necessário para obter o som mais apropriado da fonte, já que o tempo gasto nesta fase tem o potencial de lhe facilitar a gravação e mistura nas fases seguintes.
Outro fator a ter em conta é que o som proveniente da guitarra é, em grande parte, dependente do ambiente em que esta é gravada. O reverb é um problema comum quando a gravação é feita num pequeno homestudio.
Utilizar um bom ambiente acústico irá, à partida, produzir melhores resultados, mesmo que queira adicionar mais reverb à posteriori. Obviamente não irá querer exagerar neste efeito, já que, em demasia, irá tornar o som exageradamente cheio e confuso, mas geralmente este não será um problema se estiver a utilizar um pequeno estúdio.
Para obter uma sonoridade que se assemelhe a um ambiente ao vivo, experimente colocar a guitarra de forma a que esta esteja virada contra uma superfície refletora. Tipos de chão, portas e mobília podem pode ser úteis para obter a melhor sonorização possível (ver secção Sala de captação do som). Se o seu chão tiver carpete e esta estiver a afetar o som, pode sempre colocar uma superfície dura como madeira ou de fibra por debaixo do instrumento. Pode mesmo valer a pena usar extensões de cabos para outra sala com melhor acústica, no caso do som da sala ou estúdio simplesmente não estar ao seu gosto.
Se está disposto a começar a gravação com o instrumento e com a acústica desejada, ouça com atenção cada etapa, até chegar ao ponto em que a guitarra lhe soe mesmo bem. Se conseguir fazer isto, então a tarefa mais importante foi atingida, está agora pronto para escolher um microfone.
(continua na próxima postagem)