domingo, 30 de julho de 2017

Dicas & Truques na captação e gravação de instrumentos musicais (parte 8)

Como gravar um baixo elétrico

Apesar da maioria dos sintetizadores modernos já virem com bons efeitos para baixos incluídos, não existe nada comparável ao instrumento verdadeiro, desde que seja bem tocado, e que se saiba como gravá-lo. 
Resultado de imagem para bass guitar
O baixo tem um papel proeminente em diferentes gêneros musicais. O Dub Reggae não chegaria muito longe sem o baixo, assim como muitos gêneros com bastante ritmo, como estilos latinos ou os provenientes da América do Sul. Mesmo até fora destes estilos, o baixo é uma peça fundamental para a sonoridade e para o "feelling" de uma música. Um baixo bem tocado e bem gravado é vital para qualquer seção rítmica, e vale a pena o esforço, de forma a obter o som correto.

Um bom som para um baixo começa com um instrumento razoavelmente bom e bem tocado. Após este ponto de partida, temos de decidir se queremos ligar o microfone a um amplificador de baixo ou adotar um dos métodos de ligação direta - DI - possíveis, ou poderá ainda combinar estes dois - uma
abordagem comum de alguns engenheiros de som.

O método mais simples é ligar o baixo a uma box DI, mas, a não ser que o instrumento possua pickups ativos, não o poderemos ligar a um input de uma mesa de mixagem e estar à espera de bons resultados - haverá uma discrepância grande de impedâncias.

O método para fazer este processo corretamente é utilizar uma box DI com uma impedância de input de, pelo menos, 500k (ômega) e de preferência mais alta do que 1M (ômega). Usualmente, todas as boxes DI ativas que apresentam um input para instrumentos preenchem estes requisitos.

Com o instrumento adequado e uma boa técnica por parte do baixista, esta abordagem mais simples pode produzir bons resultados, mas, à medida que os outros instrumentos são adicionados à mixagem, o som do baixo tenderá a perder potência, e o tom obtido não é o mesmo do que se estivéssemos utilizando um amplificador, pois os amplificadores para guitarras e baixos não possuem uma resposta de frequência linear.

Os equalizadores das mesas mais simples não são capazes de emular corretamente um amplificador de guitarra, por isso, um processador "outboard" será uma melhor aposta.

Colocar um equalizador de gráfico ou paramétrico de qualidade, após a box DI, poderá melhorar muito o resultado final.

A maioria dos músicos sabe que adicionar um "boost" de 80Hz irá "engordar" a linha das frequências "baixas" do baixo, mas, se ouvir atentamente os sons durante uma gravação, provavelmente irá descobrir que também irá atingir bastante os alcances médios e mais baixos - a maioria dos aparelhos de som hi-fi domésticos não consegue reproduzir esses níveis de frequências.

A solução é experimentar com o equalizador dentro da região compreendida entre os 120Hz e os 350Hz, já que é aqui que o "som verdadeiro" é definido.
Resultado de imagem para bass guitar
Outra técnica que podemos utilizar envolve combinar o equalizador com um simulador de colunas, como o "Palmer Junction Box". Os simuladores de colunas são desenhados para duplicar o rolloff das altas-frequências ou colunas reais, por isso podemos continuar a utilizar o equalizador para dar forma às frequências baixas e médias, para de seguida permitir ao simulador de colunas tratar dos níveis superiores.

Usar compressão na gravação de um baixo

A maioria dos engenheiros de som utilizam sempre algum nível de compressão nos baixos, o que é válido por muitas razões.

Se o baixista utilizar uma técnica baseada em slapping ou pulling, o parâmetro de ataque das notas poderá ser muito elevado, por isso, se não o comprimir ou o limitar, correrá o risco de sobrecarregar o som final, ou terá de definir o nível da gravação tão baixo que o corpo principal do som proveniente do instrumento será demasiado pequeno.

A melhor forma de tratar este tipo de técnica é utilizar um compressor que possua um limitador separado, pois o método tradicional, para manter o parâmetro de ataque num som comprimido, é definir o parâmetro de ataque do compressor para alguns décimos de milissegundos, de forma a deixar passar sem compressão o impulso inicial. O tempo de "release" é geralmente definido para cerca de um quarto de segundo, mas isto irá variar de modelo para modelo, por isso vá experimentando. Utilizar definições automáticas para o parâmetro de ataque e para o "release" também pode produzir bons resultados, pois estas definições podem adaptar-se às diferentes dinâmicas e aos diferentes estilos de tocar de cada artista, dentro da mesma música.

Permitir que as variações mais abruptas possam passar inalteradas devido ao compressor pode produzir um bom som, mas são essas mesmas variações (ou a falta delas) as causadoras dos problemas de sobrecarga nas gravações, por isso, ter um limitador independente após o compressor é
extremamente útil. O "threshold" do limitador deve estar definido logo abaixo do nível máximo da gravação (perto do limiar de distorção) para que este entre em efeito só nos picos mais altos.

Mesmo que o baixo seja tocado de uma forma mais tradicional, a compressão continua a ser útil, já que equilibra o nível de diferentes notas e, igualmente importante: aumenta a energia média do som, isto é, faz com que o som pareça mais alto ao mesmo nível dos picos.

Pode ainda reduzir ligeiramente o parâmetro de ataque do compressor para acentuar o começo de uma nota, mas esteja atento aos níveis da gravação.

Uma dica útil para o caso de não possuir um compressor com um limitador separado é utilizar um compressor de canal duplo e pôr a saída do canal 1 na saída do canal 2. Defina o canal 1 para fazer a compressão normalmente, mas ponha o canal 2 para limitar, utilizando uma relação mais alta e
combinando-o com um parâmetro de ataque muito rápido e o tempo de "release" mais rápido que conseguir utilizar.

Ajuste o "threshold" do canal 2 para que o ganho na redução só ocorra quando o nível do som esteja a poucos dBs de atingir a região de sobrecarga nos medidores do gravador. Claro que aqueles que ainda utilizam fitas analógicas podem dar-se ao luxo de não serem tão "formais" em relação aos níveis - de fato, um pouco de saturação na fita pode fazer maravilhas ao som do baixo.

(continua na próxima postagem)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.