sexta-feira, 21 de julho de 2017

Dicas & Truques na captação e gravação de instrumentos musicais (parte 4)

Tratamento acústico

Uma vez construídas as paredes e o teto do estúdio (nas dimensões otimizadas e dentro dos critérios adequados de isolamento), é necessário fazer um tratamento interno das superfícies, procurando-se as condições ideais para a aplicação que se deseja.

Antes de se definir qual o tipo de material a ser usado no tratamento acústico, é importante conhecer o coeficiente de redução de ruído (NRC). Trata-se de um valor numérico de classificação que permite quantificar a capacidade de um determinado material em absorver o som. Esse coeficiente, em geral, aplica-se mais a materiais macios, como espuma acústica, lã-de-vidro, carpete, etc, embora também possa ser aplicado a materiais "duros", como tijolo e massa de reboco. O NRC de um material é a
média de absorção de várias frequências centrais entre 125 Hz e 4 kHz. Quanto maior for o coeficiente, melhor será absorção do material. A tabela abaixo mostra alguns exemplos de materiais:



Mesmo com um estúdio construído dentro de dimensões otimizadas, muito provavelmente ainda será necessário fazer algumas correções, devido às reflexões do som que ocorrerão nas superfícies. O tipo de solução no tratamento acústico vai depender da resposta que o recinto estiver produzindo. Existem soluções orientadas para cada tipo de problema.

Há algumas décadas, muitos estúdios eram construídos com revestimento acústico extremamente absorvente, de maneira a "matar" totalmente as reflexões. Isso, no entanto, tornava muito débil o ambiente acústico do estúdio, se comparado aos locais onde normalmente se ouve música.


Hoje, os estúdios costumam ter uma acústica "neutra", geralmente com uma parede mais reflexiva e outra mais absorvente. Para se conseguir essa situação, utilizam-se painéis de materiais adequados
presos às paredes do estúdio, de forma a absorver energia das ondas sonoras que atingem as
paredes. O tipo de recurso a ser usado vai depender da faixa de frequências do espectro do som
que se queira absorver.

Os materiais porosos (espuma, carpete, etc) são, em geral, eficientes para absorver agudos, pelo fato destes possuírem comprimentos de onda pequenos e, assim, qualquer pequena irregularidade do material é capaz de diminuir a energia da onda sonora. Já no caso dos graves, é preciso criar dispositivos compatíveis com os comprimentos de onda grandes, o que é feito com painéis especiais de amortecimento (chamados de "bass-traps"), que vibram com os graves e, ao mesmo tempo, absorvem a energia dessa vibração, não devolvendo a onda ao ambiente. Em algumas situações, pode
ser necessário reduzir a sustentação de apenas uma determinada faixa de frequências do espectro e, para isso, são usados painéis sintonizados, devidamente calculados.

Para considerar

Um projeto de dimensionamento de um estúdio e de uma sala de captação envolve vários fatores, que devem ser, sempre que possível, considerados.

Ainda que se possa estimar previamente o comportamento do recinto, só depois de construído e com todos os equipamentos instalados e a operar é que se consegue ter uma avaliação concreta do comportamento do mesmo, pois as superfícies dos equipamentos e do mobiliário podem também interferir no resultado final.

Por isso, é aconselhável consultar um profissional experiente, que com sua experiência no assunto poderá prever com muito mais precisão os resultados e resolver possíveis problemas que possam surgir.

(continua na próxima postagem)





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