terça-feira, 19 de abril de 2011

Equalização


Autor: Tamaba

Traduzido por Germano Lins

Breve introdução ao som: a frequência
O som é a vibração de um meio elástico, pode ser gasoso, líquido ou sólido. As ondas geradas pela fonte sonora produzem certas variações de pressão no meio (por exemplo, o ar ou a água), e isto é o que permite que sejam percebidas pelo ser humano (se bem que ele não percebe qualquer variação; se esta for muito rápida ou muito lenta, com certeza o ouvido humano não irá perceber). É por isso que no espaço cósmico não existem sons, pois falta o meio por onde eles devem discorrer: no espaço somente existe vazio, vácuo, e por isso não podem existir variações de pressão audíveis.

Partindo desse pressuposto, podemos definir a frequência do som como a quantidade de vibrações (ciclos) que produz um sinal por uma unidade de tempo (o segundo). A unidade correspondente a um ciclo por segundo é o hertz (Hz). As frequências mais baixas em hertz se correspondem com o que habitualmente chamamos sons "graves”, sons de vibrações lentas. As frequências mais altas em hertz se correspondem com o que chamamos "agudos" e são por isso vibrações muito rápidas.



Como dissemos antes, o ser humano não pode captar qualquer vibração; o espectro de frequências audível variará de acordo com cada pessoa, mas se aceita como média o intervalo entre 20 Hz e 20 kHz. Nesta faixa de frequências existe tudo o que nós, humanos, podemos ouvir; mais além disso estão os ultrasons (acima de 20 Khz) e os infrasons (abaixo de 20 Hz), que são captados por alguns animais que possuem um sistema auditivo mais desenvolvido que o do homem.

Cada instrumento musical, como qualquer outra fonte sonora, produz som em uma zona determinada deste espectro de frequências audíveis; uns ocupam mais espaço, outros menos. E é justamente aqui onde entram em cena os equalizadores: estes dispositivos alteram a resposta em frequência de um som, aumentando ou atenuando certas frequências. 

Tipos de equalizadores
Existem vários tipos de equalizadores; o mais simples é o de tipo shelving, que possui somente controle de graves e agudos; é encontrado em qualquer equipamento comum. Normalmente, estes equalizadores aumentam ou atenuam 15 db em 100 Hz (graves) e em 10 KHz (agudos), se bem que isso pode variar de acordo com cada modelo. Com um equalizador de três bandas já podemos aumentar ou atenuar baixos, médios e agudos, também somente em frequências fixas: por exemplo, em 100Hz (baixos), 2 KHz (médios) e 10 KHz (agudos).

Os equalizadores semiparamétricos são os que permitem escolher a frequência a ser equalizada; desta forma podemos aumentar ou atenuar as frequências que nos pareçam convenientes. Em um equalizador paramétrico temos, além disso, a possibilidade de escolher a largura de banda (faixa de frequências afetadas a partir da que foi escolhida) que queremos aumentar ou atenuar. Este parâmetro é conhecido como "Q".

Por último, os mais comuns são os equalizadores gráficos, que normalmente vão desde 5 até 31 bandas de frequência fixas, ainda que às vezes encontramos aparatos mais complexos, com mais bandas (na imagem a seguir vemos um de 10 bandas por canal).


Os equalizadores possuem basicamente estas aplicações:

Resolver problemas
Os equalizadores podem ser utilizados como filtros, para atenuar ou eliminar frequências que incomodam, ruídos ou interferências que se misturam com o som. Por exemplo, o hum produzido por uma fonte de alimentação ruim se reduz atenuando-se em 50-60 Hz aproximadamente. O hiss, tão comum nas fitas cassetes, pode ser diminuído atenuando-se as altas frequências. Em geral, os problemas ocorrem numa faixa determinada de frequências, por isso é que os equalizadores paramétricos são os ideais para este propósito. Outro problema comum é o mascaramento: um instrumento com ressonância ou pico em uma determinada frequência. Apesar deste instrumento soar bem quando está sozinho, ao mixá-lo com outros poderá haver interferências na clareza destes, portanto é recomendável atenuar estas frequências, comprimi-las ou limitá-las.

Afetar a personalidade de um som
Os EQ também podem variar o caráter de um instrumento. Isto se consegue alterando a frequência fundamental ou os harmônicos, considerando sempre que se todos os instrumentos forem alterados separadamente para depois serem mixados não se assegura um bom resultado na mixagem. Para equalizar corretamente um instrumento utilize a nossa tabela de frequências dos instrumentos musicais, clicando [ aqui ].

Idéias para uso prático dos equalizadores
Como regra geral, a cada instrumento podemos dar corpo aumentando a sua frequência fundamental. Devemos atenuá-la se o som for muito grave ou indefinido. Aumentando os harmônicos damos mais presença e definição, devemos atenuar também se o som for muito violento. Por outro lado, considere que equalizações extremas reduzem a fidelidade, mas podem criar efeitos interessantes: por exemplo, cortando bruscamente os graves e os agudos de uma voz conseguimos obter o efeito de telefone.

A seguir daremos algumas sugestões de frequências que podem ser ajustadas com os equalizadores. Se quisermos obter o efeito desejado, aumentamos nessa frequência; se não quisermos, atenuamos (na imagem, um EQ do Cubase configurado para reduzir os hiss e hums de uma trilha de voz).

· Baixo: Corpo e profundidade em 60 Hz, áspero em 600 Hz, presença em 2.5 kHz.
· Violão: Corpo em 80 Hz, presença em 5 kHz.
· Guitarra elétrica: Pegada em 60 Hz, corpo em 100 Hz, estridente em 600 Hz, presença em 2-3 kHz.
· Bateria: Corpo em 100 Hz, apagada em 250-600 Hz, trash de 1 a 3 kHz, ataque em 5 kHz, seca e enérgica em 10 kHz.
· Bumbo: Corpo e potência abaixo de 60 Hz, acartonado 300-800 Hz (cortamos de 400 a 600 para conseguir uma melhor tonalidade), e o kick ou ataque em 2-6 kHz.
· Percussão: Brilho e presença em 10 kHz.
· Sax: Quente em 500 Hz, duro em 3 kHz, som das chaves acima de 10 kHz.
· Voz: Corpo em 100-150 Hz (homem), corpo em 200-250 (mulher), som nasal em 500-1000 Hz, presença em 5 kHz, e som de 's' acima de 6 kHz.

Temos que usar os EQ quando gravamos ou quando mixamos?
Se estamos gravando todos os canais em separado, o que normalmente se faz é gravar todos os EQ planos e equalizar durante a fase de mixagem. Esta é a melhor solução, porque as coisas se alteram quando ouvimos todos os instrumentos juntos ao mesmo tempo. Se, ao invés disso, temos que fazer pré-mixagens antes de gravar, devemos equalizar antes de pré-mixar. Você também deve saber que, ao usar microfones, antes de usar um EQ você deve tentar conseguir a alteração de tonalidade alterando o posicionamento dos microfones e não equalizando. Isto dá um efeito mais natural. Por fim, lembre-se que os EQ trabalham melhor quando são utilizados sutilmente (variações de 2 ou 3 dB são mais que suficientes para a maioria dos casos).

O erro mais comum é iniciar adicionando graves em tudo; desse jeito a mixagem irá soar grave e turva. Aí então aumentamos os agudos para tentar consertar o erro, mas vemos logo que os médios ficam débeis... ou seja, fica tudo descontrolado. Um bom conselho é utilizar a EQ com bypass para ir ouvindo e controlando a equalização a todo o momento.

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